domingo, 6 de março de 2011

Ensino - teoria e prática

Por: Aparecida Oliveira



Na prática do cotidiano em sala de aula é comum nos depararmos com situações difíceis, com determinantes muitas vezes intransponíveis, humanamente falando. Essas concepções teóricas ajudam o professor na prática pedagógica e fornece subsídios para enfrentar algumas dessas situações. Rogers falava que “por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência”. Rogers, in Tornar-se Pessoa, 1988, Editora Martins Fontes.

Falando especificamente da metodologia não-diretividade, como um método não estruturante no processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno, podemos falar, na verdade, que Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija. Para que ocorra essa aprendizagem, condições básicas precisam ser seguidas por ambos os sujeitos nesse processo:

• necessidade de a aprendizagem ser significativa, o que acontece mais facilmente quando as situações são percebidas como problemáticas. Portanto, pode-se dizer que só se aprende aquilo que é necessário, não se pode ensinar diretamente a nenhuma pessoa;
• autenticidade do professor, isto é, a aprendizagem pode ser facilitada se ele for congruente. Isso implica que o professor tenha uma consciência plena das atitudes que assume, sentindo-se receptivo perante seus sentimentos reais, tornando-se uma pessoa real na relação com seus alunos;
• aceitação e compreensão: a aprendizagem significativa é possível se o professor for capaz de aceitar o aluno tal como ele é, compreendendo os sentimentos que este manifesta, pois a aprendizagem autêntica é baseada na aceitação incondicional do outro;
• tendência dos alunos para se afirmarem, isto é, os estudantes que estão em contato real com os problemas da vida procuram aprender, desejam crescer e descobrir, querem criar, o que pressupõe uma confiança básica na pessoa, no seu próprio crescimento;
• a função do professor consistiria no desenvolvimento de uma relação pessoal com seus alunos e do estabelecimento de um clima nas aulas que possibilitasse a realização natural dessas tendências.

Portanto, o professor é um facilitador da aprendizagem significativa, fazendo parte do grupo, e não estando colocado acima dele; este também é um dos pressupostos básicos da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto interacional da situação de aprendizagem, visando às relações interpessoais e intergrupais;

• o professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem. Não havendo avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; isso implica uma filosofia democrática;
• organização pedagógica flexível.

Mesmo que tentemos esse método para facilitar a aprendizagem, levantam-se muitas questões difíceis. Podemos permitir aos estudantes que entrem em contato com os problemas reais? Toda a nossa cultura procura insistentemente manter os jovens afastados de qualquer contato com os problemas reais. Os jovens não têm que trabalhar, assumir responsabilidades, intervir nos problemas cívicos ou políticos, não têm lugar nos debates das questões internacionais. ...Será possível inverter essa tendência?

Uma outra questão é saber se podemos permitir que o conhecimento se organize no e pelo indivíduo, em vez de ser organizado para o indivíduo. Sob esse aspecto, os professores e os educadores se alinham com os pais e com os dirigentes nacionais para insistirem que os alunos devem ser guiados....

A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica, sua teoria é idealista, da corrente também denominada de romântica, irrealizável para seus críticos. Porém, na obra rogeriana, são notáveis os seguintes aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto e a preparação da opinião pública para as mudanças possíveis.

Esse modelo não-diretivo não funciona muito quando falamos em alunos que não tem noção alguma de respeito e obediência a leis e normas. Devemos supor que há pessoas boas e ruins, assim como há alunos bons e ruins, será que essa teoria se aplicaria na íntegra no nosso atual sistema de ensino?

Partindo agora de um outro pressuposto, vemos a teoria de Skinner onde ele afirma que há tipo de aprendizagem, que é chamado de "Condicionamento Respondente" (Condicionamento que desempenha pequeno papel na maior parte do comportamento do ser humano e se interessa pouco por ele,por exemplo a dilatação e contração da pupila dos olhos em contato com a mudança da iluminação. Arrepios por causa de ar frio), e o segundo tipo de aprendizagem que Skinner chama de "Condicionamento Operante" (Está relacionado com o comportamento operante que podemos considerar como "voluntário", o comportamento operante inclui todas as coisas que fazemos e que tem efeito sobre nosso mundo exterior ou operam nele como por exemplo dirigir o carro, dar uma tacada na bola de golfe, etc.). Em suma, enquanto que o Comportamento Respondeste é controlado por um estímulo precedente, o Comportamento Operante é controlado por suas conseqüências - estímulos que se seguem à resposta.

Para Skinner, um dos grandes problemas do ensino é o uso do controle aversivo.Embora algumas escolas ainda usem punição física, em geral houve mudanças para medidas não corporais como ridículo, repreensão, sarcasmo, crítica, lição de casa adicional, trabalho forçado, e retirada de privilégios. Exames são usados como ameaça e são destinados principalmente a mostrar o que o estudante não sabe e coagi-lo a estudar. O estudante passa grande parte do seu dia fazendo coisas que não deseja fazer e para as quais não há reforços positivos. Em conseqüência, ele trabalha principalmente para fugir de estimulação aversiva. Faz o que tem a fazer porque o professor detém o poder e autoridade, mas, com o tempo o estudante descobre outros meios de fugir. Ele chega atrasado ou falta, não presta atenção (retirando assim reforçadores do professor), devaneia ou fica se mexendo, esquece o que aprendeu, pode tornar-se agressivo e recusar a obedecer, pode abandonar os estudos quando adquire o direito legal de fazê-lo.

Skinner acredita, que os Professores, em sua maioria, são humanos e não desejam usar controles aversivos. As técnicas aversivas continuam sendo usadas, com toda probabilidade, porque não foram desenvolvidas alternativas eficazes. E ele está certo nisso. Educadores gostam de reforçar o aluno positivamente, exceto os arcaicos, claro, que por falta de opção ou empatia com o aluno aplica ainda esses reforços negativos e punem o aluno de maneira severa.

A instituição de educação foi estabelecida para servir a esse propósito. Certamente estudantes devem ser encorajados a explorar, a fazer perguntas a trabalhar e estudar independentemente para serem criativos. Não se segue daí que essas coisas só possam ser obtidas através de um método de descoberta.

De acordo com Skinner, estudantes não aprendem simplesmente fazendo. Nem aprendem simplesmente por exercício ou prática. A partir apenas de experiência, um estudante provavelmente nada aprende. Simplesmente está em contato com o ambiente não significa que ele o perceberá...

Para ocorrer a aprendizagem devemos reconhecer a resposta, a ocasião em que ocorrem as respostas e as conseqüências da resposta. Skinner acredita que a aplicação de seus métodos à educação é simples e direta. Ensinar é simplesmente o arranjo de contingências de reforço sob as quais estudantes aprendem.